ZICO | O LEGADO DA SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL

Futebol

“Louvemos o poeta Zico que jogava futebol como se a bola fosse uma rosa entreaberta a seus pés.”

                – Armando Nogueira

Arthur Antunes Coimbra. Um nome que marcou a história do futebol. Conhecido pela carreira de destaque, você deve se lembrar desse craque por outras alcunhas: “Rei da Gávea”, “Kral Arthur” (“Rei Arthur” em turco), “サッカーの神様” (“Deus do Futebol” em japonês), e os mais clássicos “Galinho” e “Zico”.

É impossível discordar que o cara era bom de bola. Acumulando 788 partidas e 536 gols oficiais, até hoje ele é lembrado como um dos maiores artilheiros do mundo e continua inspirando diversas pessoas, tanto por seu estilo de jogo impressionante, quanto pela sua maneira de levar a vida com paixão, garra e dedicação. Apesar de ter se tornado um ídolo rubro-negro, o eterno camisa 10 do Flamengo também gosta de ser lembrado como um torcedor apaixonado pelo próprio time desde pequeno.

Bora continuar relembrando das lendas da Seleção Brasileira com a história desse carioca que vestiu a canarinho com muito talento?

O nascimento e a descoberta de um craque

Carioca da gema, o Rio de Janeiro (RJ) foi o “primeiro ninho” de Zico, onde nasceu em 03 de março de 1953 e viveu a maior parte de sua vida. Desde pequeno, o futuro camisa 10 aprendeu a amar o futebol e, principalmente, o Flamengo, time do coração de seu pai. Mas esse não foi o único contato que ele tinha com o esporte, seus irmãos também podem levar um pouco do “crédito”, pois ajudaram a guiar Zico por esse caminho: os jogadores profissionais Nando, Antunes e Edu (destaque no América e na Seleção) são 3 dos 6 irmãos mais velhos do Galinho.

Ah, e sua família não influenciou apenas sua escolha pelo esporte, mas também foi responsável por criar seu principal apelido. Sim cara, o nome “Zico” não foi originado no campo: carinhosamente apelidado de “Arthurzinho”, seus familiares logo estavam o chamando de “Arthurzico”, e sua prima Ermelinda Rolim foi a responsável por transformá-lo em “Zico”. E pegou!

Assim, envolvido pelo esporte desde criança, já era de se imaginar que Arthur iria se aventurar nas peladas de rua em seu bairro, Quintino Bocaiúva. Chamando atenção onde jogava, o pequeno Galinho começou a treinar na equipe de futsal Juventude de Quintino e depois foi para o River, um time de futebol do seu bairro, onde foi descoberto! Celso Garcia, um jornalista que tinha muita influência no Flamengo, assistiu uma partida do time mirim onde Zico marcou incríveis 12 gols e, claro, ficou impressionado (quem não, né?).

E Celso deu o corre: conversou com o pai do garoto prodígio e logo a Gávea se tornou o seu “segundo ninho”, quando tinha apenas 14 anos. Treinando nas categorias de base de seu time do coração, Arthur se dedicou muito para aumentar o nível de sua técnica e, principalmente, de seu físico franzino.

Uma curiosidade meio doida é que o Galinho quase foi para o Vasco! Como o almoço não estava incluso no suporte que o Flamengo oferecia e as dificuldades financeiras cresciam por conta da rotina pesada, Arthur chegou perto de ser transferido para o cruzmaltino, mas a paixão de seu pai pelo mengão não deixou isso acontecer. A situação só mudou quando o então dirigente George Helal “entrou em campo” para dar todo o suporte financeiro do seu próprio bolso, mantendo o futuro craque no Ninho do Urubu por mais 3 anos. Zico, que na época achava que suas despesas estavam sendo bancadas pelo Flamengo, lembra do gesto de Helal com muita gratidão até hoje.

 Assim, nesse tempo de muito esforço, musculação, treinos e tratamentos diversos, o jogador cresceu 11 centímetros e aumentou seu peso em 16 quilos. Aos 18 ele já estava pronto para a categoria profissional do Mengo. Bom, era o que todos pensavam, menos Zagallo, técnico rubro-negro na época. Mesmo completando 17 jogos e 2 gols no futebol profissional, Zico teve que continuar no juvenil para continuar sua evolução física para aguentar os grandes campos.

Zico em seu início no Clube de Regatas do Flamengo. Créditos: Reprodução Arquivo Pessoal / Globo Esporte.

Carreira profissional

Em 1974, antes de completar 21 anos, Zico finalmente estreou no profissional como titular e já foi logo usando sua eterna camisa 10, levando seu talento para o meio-campo do Maracanã em um jogo inesquecível onde marcou a rede 2 vezes. Perfeccionista como o pai, ele logo ficou conhecido como craque do Flamengo e nesse mesmo ano já estava começando sua coleção de prêmios: levou uma Bola de Ouro e uma Bola de Prata do Brasileirão pela revista Placar e o título de melhor jogador no Campeonato Carioca. Terminou seu primeiro ano no profissional com 64 partidas e 49 gols, comemorando também o título do Campeonato Carioca do Fla.

A partir daí é história, cara. Em toda a sua carreira como jogador, atuou em 3 clubes diferentes, sendo apenas 1 brasileiro (Flamengo, claro). Foi fiel ao manto rubro-negro de 1971 à 1983, e ainda retornou para defendê-lo novamente de 1985 à 1990, depois de passar duas temporadas no clube italiano Udinese, e se aposentando dos campos logo depois no japonês Kashima Antlers, onde jogou de 1991 à 1994.

Até hoje, é conhecido como um dos maiores ídolos da Nação Rubro-Negra, e essa fama não é à toa: ao todo foram 509 gols em 732 partidas pelo Urubu. Nesses mais de 15 anos vestindo a camisa vermelha e preta, atuando como capitão da equipe carioca, Zico conquistou:

– 1 Mundial de Clubes (81);

– 1 Copa Libertadores (81);

– 1 Copa União (87);

– 3 Taças Rio (78, 85 e 86).

– 4 Campeonatos Brasileiros (80, 82, 83 e 87);

– 7 Campeonatos Cariocas (72, 74, 78, 79 e 79 especial, 81 e 86);

– 9 Taças Guanabaras (72, 73, 78, 79, 80, 81, 82, 88 e 89).

Ele também acumulou 2 Bolas de Ouro e 7 Bolas de Prata do Brasileirão (sendo 2 de artilheiro, o primeiro jogador não-centroavante a conquistar o prêmio). Ah, a gente não pode esquecer de mencionar que ele também foi eleito o artilheiro do Carioca 6 vezes! Galinho de Quintino, apelido criado pelo antigo narrador Waldir Amaral em referência ao físico magro de Zico, também foi o jogador que mais marcou gols no Maracanã: 333 bolas na rede. Dá pra perceber que ele se sentia em casa, né?

Porém, entre tantas conquistas pelo Mengão, não podemos deixar de destacar o ano de 1981. Além de atuar no Jogo da Vingança, como ficou conhecida a partida em que o Flamengo devolveu a goleada de 6×0 que recebeu do Botafogo em 1972, quando Zico estava assistindo da arquibancada, o capitão flamenguista também liderou a conquista da Taça Guanabara. Mas o que faz os olhos de qualquer rubro-negro brilharem é lembrar da Tríplice Coroa daquele ano, conquistada em pouco mais de um mês: Campeonato Carioca (06/12), Copa Libertadores da América (23/11) e Mundial de Clubes (13/12). É muito peso, cara.

Somando, são 7 jogos decisivos das finais desses campeonatos com poucos dias de intervalo entre eles! E Zico foi indispensável nesses títulos, marcando os gols da vitória do Carioca e da Libertadores, sendo eleito o melhor jogador e melhor artilheiro da Libertadores com 11 gols, participando das 3 carimbadas de rede da final do Mundial e também ganhando o título de melhor jogador da competição.

Passando pela Itália, conquistou o Torneio Quadrangular com o Udinese, time que não estava em uma boa fase e foi alavancado pelo talento do Rei da Gávea, e retornou para o Brasil por conta de alguns problemas físicos. Sua volta ao time do coração foi marcante, tanto para ele quanto para os flamenguistas. Entre jogadas de marketing para conseguir manter o ídolo no clube, muitas lesões no joelho e muita paixão, conquistou mais alguns títulos para a sua “coleção” e fechou sua história como jogador do Flamengo com sua última conquista: a Taça Guanabara de 1990.

Depois, sua passagem pelo Kashima Antlers foi rápida mas marcante, e ele se tornou um dos principais responsáveis pela profissionalização e aumento da popularidade do futebol no Japão. Com 45 gols em 64 partidas, Zico deixou sua marca eterna no país e se tornou ídolo do time em que atuou, voltando mais tarde em 1999 como técnico interino para ajudar o time em uma crise. No seu comando, o Kashima Antlers subiu das últimas posições para as primeiras na J-League, maior liga de futebol japonesa.

Essa equipe foi a última a ter a presença de Zico como jogador em campo, mas após sua aposentadoria dos gramados, ele resolveu dar uma “passadinha” rápida na areia: defendeu a Seleção Brasileira de Futebol de Areia entre 1995 e 1996. Juntamente com o outro ídolo flamenguista, Junior, trouxeram o primeiro título brasileiro de Copa do Mundo nessa categoria em seu primeiro ano na modalidade. Apesar de ter “dado certo” no esporte, o Galinho decidiu explorar um pouco mais a profissão de técnico, começando em 1998 e chegando a comandar a Seleção Japonesa e a Seleção Iraquiana, e os clubes Kashima Antlers (Japão), Fenerbahçe (Turquia), Bunyodkor (Uzbequistão), CSKA Moscou (Rússia), Olympiacos F.C. (Grécia), Al-Gharafa (Qatar) e Football Club Goa (Índia).

Estátua em homenagem a Zico na entrada do Kashima Soccer Stadium, no Japão. Créditos: Carlos Augusto Ferrari / Globo Esporte.

O Galinho na Seleção

Em todo esse tempo, seu reconhecimento como ídolo flamenguista não foi o único a ser fortalecido: defendendo a camisa amarela, o Galinho marcou o futebol nacional e se tornou uma lenda da Seleção Brasileira também. Essa relação com a canarinho começou em 1971, antes mesmo de se tornar titular, quando jogou no pré-olímpico e marcou o gol que classificou o Brasil nos Jogos Olímpicos de 1972. Porém, como a gente relembrou por aqui anteriormente, Zagallo o manteve no juvenil por mais um tempo e foi apenas em 1976 que a Seleção “oficializou” o vínculo com o meio-campista carioca.

Nesse mesmo ano, Zico conquistou a Taça do Atlântico, o Superclássico das Américas (Copa Roca), a Copa Rio Branco, a Taça Oswaldo Cruz e o Torneio Bicentenário dos Estados Unidos pela Seleção Brasileira. E, claro, foi convocado para sua primeira Copa do Mundo! Sediada na Argentina, a competição foi marcada por um timaço representando o Brasil. Nomes como Roberto Dinamite (ídolo vascaíno), Rivellino, Dirceu e Toninho Cerezo faziam parte dessa equipe que não perdeu nem um jogo, mas acabou sendo eliminada pela goleada da Argentina contra o Peru, somando mais pontos pelo saldo de gols e garantindo a vaga da final para nosso rival. Nesse ano, ficamos com o 3º lugar e uma série de jogos invictos.

Já em 1982, na Copa do Mundo da Espanha, Zico se juntou a Sócrates, Falcão, Júnior e Leandro para defender a camisa amarela em campo. Entre grandes vitórias, viradas e um futebol bonito de se ver, que encantou torcedores do mundo todo (tinha que ser brasileiro, né?), esse esquadrão ficou marcado na história e até hoje é lembrado como uma das melhores seleções. Porém, a Itália conseguiu ofuscar esse brilho e eliminou o Brasil na segunda fase, “roubando” nossa vaga na semifinal. Ainda assim, o Galinho foi eleito o 3º maior artilheiro, recebeu uma Chuteira de Bronze e ainda foi selecionado para o All-Star Team da edição.

Sua última Copa do Mundo aconteceu em 1986, no México, e sua participação foi algo marcante em sua carreira, já que mesmo estando em fase de recuperação de uma grave lesão no joelho, o técnico Telê Santana confiou a ele mais uma chance de vestir a camisa. Sendo reserva na maioria dos jogos, ele teve poucas oportunidades de brilhar e o problema no joelho acabou atrapalhando seu jogo. Nas quartas de final, o craque entrou no meio da partida e perdeu a cobrança de um pênalti decisivo, levando a decisão para os pênaltis e dando a oportunidade de vitória para a França, que a aproveitou muito bem e pegou “nossa” vaga para as semis.

Mesmo não tendo trazido nenhum título mundial pela canarinho, Zico deixou sua marca na Seleção e a defendeu por mais de dez anos, acumulando 48 gols em 71 jogos e se consagrando como um dos maiores artilheiros da história da equipe verde e amarela.

Maradona tentando passar pela marcação do Rei da Gávea, na Copa do Mundo de 1982 (Brasil 3 X 1 Argentina). Créditos: Reprodução da Revista Placar.

Casado desde 1975 com Sandra Carvalho, Zico conquistou uma linda família fora do esporte também, com 3 filhos. Mas seu legado não será carregado apenas por eles, o eterno camisa 10 da Gávea sempre será lembrado na história do futebol e no coração daqueles que amam o esporte, sejam flamenguistas apaixonados ou apenas amantes dessa arte feita com os pés.

E cara, se você gostou de relembrar da história dessa lenda da Seleção Brasileira, clique aqui para dar uma olhada em outros blogs que trazem um pouco da trajetória de outros craques que defenderam a canarinho. E não esquece: quer torcer com estilo e carregar no peito a paixão do futebol brasileiro? Visite nossa loja online e vem torcer com a #LojaDeTodasAsTorcidas!


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