8 Mulheres Históricas que Marcaram o Esporte

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“Mulher não entende de esporte”, “Até que joga bem, pra uma mulher”, “Esporte é coisa de homem”, “Ela deve fingir que gosta de esporte pra ganhar moral”… Cara, essas frases infelizmente ainda são muito comuns, mesmo depois de tantas conquistas femininas ao longo da história. Apesar de muitos ignorarem esse fato, ainda vivemos em um mundo desigual em que mulheres batalham todos os dias por espaço e visibilidade.

E infelizmente essa realidade não é diferente no universo esportivo, onde o público e o esporte feminino continuam lutando por representatividade, e ainda contam com baixíssimos recursos investidos, pouco incentivo e um forte preconceito constante. Mesmo proibidas de participar de competições e até mesmo de praticar esportes, as mulheres não desistiram de superar obstáculos culturais, sociais e até legislacionais, já que em diversos momentos na história existiram leis que proibiam o esporte feminino (doideira, né?).

Assim, é por essa grande distância de direitos e privilégios entre homens e mulheres que precisamos continuar lembrando que esse “jogo” ainda não acabou e que mudanças ainda precisam ser feitas, mas sem esquecer de também comemorar os “gols” que já foram marcados.

E, pra isso, nós da EFS vamos falar sobre 8 mulheres que mitaram muito e marcaram a história esportiva mundial, ajudando no fortalecimento do esporte feminino! Se liga nessas mulheres:

Stamata Revithi

Persistente e determinada, a grega Stamata Revithi marcou a história ao desafiar, em 1896, as crenças sociais de que mulheres não podem e não são capazes de praticar esportes. Revithi desejava participar da maratona da primeira edição dos Jogos Olímpicos Modernos, porém foi barrada pela organização do evento. Mas cara, se engana quem pensa que ela ficou parada. A prova oficial aconteceu normalmente com corredores homens, e no dia seguinte Stamata realizou os 42km da maratona de forma extra-oficial buscando testemunhas no início e fim da corrida para ter provas de que ela completou o percurso.

Apesar de ter feito a maratona completa, e em menos tempo do que alguns competidores homens do dia anterior, o feito não foi considerado oficial e Revithi não recebeu o devido reconhecimento, tanto é que existem pouquíssimos registros históricos de seu feito e sua vida. Mesmo sem ser reconhecida na época, a grega entrou para a história e foi uma das pioneiras da luta do esporte feminino, dando início a um movimento de visibilidade e representatividade das mulheres nesse universo.

Pintura que retrata a mulher grega Stamata Revithi.

Charlotte Cooper

A segunda edição dos Jogos Olímpicos Modernos aconteceu em Paris, em 1900, depois de 4 anos do feito histórico de Stamata Revithi, e pouca coisa mudou nesse período… Com pequenos passos, as mulheres estavam começando a conquistar mais espaço no esporte, já que foram realizadas algumas disputas femininas nessa edição. Porém, elas não eram tratadas da mesma forma que os competidores homens, sendo consideradas como “convidadas” olímpicas. Ah, e pra piorar, ainda houve uma seleção de esportes permitidos para as esportistas praticarem, como o croqué, hipismo, golfe e tênis. O motivo? Eram modalidades “bonitas”, que exigiam pouco esforço físico e por isso eram adequadas às mulheres. 

E é nesse cenário que a tenista inglesa Charlotte Cooper surge para conquistar mais um avanço na história do esporte feminino, competindo nas modalidades “duplas mistas” e “simples” de tênis. Com uma carreira incrível de vitórias em outros tipos de competição, Cooper superou desafios sociais e também físicos, já que ela havia ficado surda em 1986 e a audição é considerada um elemento importante no tênis. Se destacou por usar técnicas inovadoras para a época, e conquistou duas medalhas de ouro merecidíssimas, se tornando a primeira mulher a conquistar o ouro olímpico.

Charlotte Cooper jogando tênis. Créditos: O Globo. 

Alice Milliat

A inclusão das mulheres no mundo esportivo ainda estava caminhando pouco a pouco, até a francesa Alice Milliat se levantar e dar aquele empurrãozinho que essa história precisava. Ela acreditava que o esporte era essencial para todos, e afirmava que ele ajudava a desenvolver a personalidade e a individualidade das pessoas. Por isso, frequentava eventos esportivos e praticava remo, se tornando tão boa no esporte que foi a primeira mulher a receber um diploma de remadora de longa distância, mas esse foi apenas o começo de suas conquistas.

Não satisfeita com o cenário apertado do esporte feminino, Alice criou a Federação de Sociedades Femininas da França (FFSF) em 1917, uma organização importantíssima para o avanço das mulheres no esporte, já que ela organizava, supervisionava e regulava as práticas esportivas das atletas. Já em 1921, Melliat foi mais além ao organizar a primeira Olimpíada Feminina e no mesmo ano fundar mais uma organização, a Federação Internacional Desportiva Feminina (FSFI), além de organizar, em 1930 e 1934, os Jogos Mundiais Femininos. 

E cara, já é de se esperar que as pessoas começassem a dar mais valor ao esporte feminino com tanto incentivo e investimento acontecendo. Então, a organização dos Jogos Olímpicos percebeu esse avanço e passou a incluir mais e mais esportes oficiais para as mulheres, finalmente as reconhecendo como atletas olímpicas em 1936 e fazendo todo o esforço de Alice Milliat valer a pena.

Alice Milliat, fundadora do FSFI. Créditos: Café Crème Sport/LaCroix.

Maria Lenk

Brasileira e pioneira nas Olimpíadas, Maria Lenk fez história ajudando a mudar o sentido dos esportes olímpicos. Era incentivada pela família a nadar desde pequena, e por não ter piscina em casa, nadava nas águas do rio Tietê (calma, ele era limpo antigamente). Seu talento a levou para as Olimpíadas de 1932, com apenas 17 anos, sendo a única mulher em meio à 45 homens na delegação brasileira, e se tornando a primeira brasileira e sul-americana a participar dos Jogos Olímpicos. 

Não chegou a ganhar a modalidade, nem a subir no pódio, mas com certeza marcou seu nome na história do esporte feminino. Mais tarde, em 1939, quebrou dois recordes mundiais, e nos anos 40, foi para os Estados Unidos com a delegação sul-americana, quebrando mais 12 recordes estadunidenses.

Estudou Educação Física e decidiu deixar a carreira de nadadora profissional de lado para dedicar-se ao ensino, ajudando a fundar a Escola Nacional de Educação Física, no Rio de Janeiro. Seguiu fazendo história, quebrando mais recordes mundiais em diversas categorias e alterando o rumo do esporte feminino no Brasil e no mundo.

Maria Lenk, primeira brasileira nos Jogos Olímpicos. Créditos: O Globo.

Aída dos Santos

Superando inúmeros desafios, a brasileira Aída dos Santos entrou para a história do esporte feminino brasileiro ao participar da prova de salto em altura dos Jogos Olímpicos de 1964, em Tóquio. Como Maria Lenk, Aída era a única mulher da delegação brasileira, e mano, ela enfrentou muito mais que o preconceito. Vindo de uma realidade mais humilde, foi para Tóquio sem saber a língua do país, sem treinador, sem roupas adequadas para competir e ainda sem um sapato adequado para participar da prova. Ela ainda torceu o pé nas eliminatórias, continuando a competição com a lesão.

Apesar de todas essas dificuldades, a brasileira não desistiu (eita mulher forte, viu?) e alcançou o quarto lugar no salto em altura, sendo o melhor resultado de brasileiras em categorias individuais até 1996!

Aída dos Santos praticando salto em altura. Créditos: Galeria COB.

Sissi

Depois de todos esses avanços femininos, ainda era preciso alcançar outros tipos de esporte, e entre eles estava o futebol. Aqui no Brasil, a prática desse esporte, tão comum hoje em dia, era proibida por lei para as mulheres nos anos de 1941 à 1979. Depois que essa prática foi legalizada, as mulheres começaram a se envolver mais e organizações e clubes femininos foram fundados. E é nesse cenário de pioneirismo que Sisleide do Amor Lima, a Sissi, surge e se destaca jogando no Bahia.

Seu talento chamou atenção e logo foi convocada para a primeira formação da Seleção Brasileira de mulheres e participou, em 1988, do Mundial Experimental de Futebol Feminino, ajudando a levar o Brasil para a terceira colocação da competição. Por serem pioneiras e receberem pouco incentivo e recursos, as jogadoras da seleção passaram por muitos perrengues, como a falta de uniformes e o grande preconceito da população, que as criticavam e as atacavam verbalmente de forma constante.                                                                                                                

Apesar das lutas, Sissi não desanimou e continuou sua carreira lendária. Na Copa do Mundo de 1995, recebeu a Chuteira de Ouro da edição e marcou um dos gols mais bonitos da história das Copas do Mundo: o gol de falta contra a Nigéria, recebendo o título de Gol de Ouro (o primeiro no futebol feminino). Além disso, participou de Jogos Olímpicos e é considerada a quinta maior jogadora do século pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS).

Sissi na Copa do Mundo de 1999, México. Créditos: Kathy Willens/AP

Jacqueline Silva e Sandra

Com cada vez mais espaço no esporte, as mulheres começaram a conquistar o mundo. Porém, nenhuma brasileira havia conquistado o ouro olímpico até 1996, quando a dupla nacional Jacqueline Silva e Sandra Pires apareceram para mudar isso. Naquele ano, Jacqueline, que estava nos Estados Unidos desde os anos 80, resolveu formar dupla com Sandra e participar das Olimpíadas de Atlanta, que estava estreando a modalidade de vôlei de praia em 1996.

Depois de passar por uma semifinal contra uma dupla estadunidense, as duas brasileiras encontraram outras duas brasileiras na grande final: Mônica Rodrigues e Adriana Samuel. Depois de um jogo disputado, Jackie e Sandra conquistaram o primeiro ouro olímpico pelo Brasil, e Adriana e Mônica conquistaram as primeiras medalhas de prata pelo Brasil. As campeãs ainda foram eleitas a melhor dupla de vôlei de praia da década de 90.  Entraram para a história!

Jacqueline Silva e Sandra Pires no pódio das Olimpíadas de 1996, Atlanta. Créditos: Ivo Gonzalez/Agência O Globo.

É incrível conhecer um pouco mais da trajetória das mulheres no esporte e ver quanta determinação e garra foi preciso para conquistar o que vemos hoje, né? Ainda assim, tem muita conquista pela frente, e nós da EFS apoiamos essa causa e seguimos torcendo JUNTAS! Ah, e não esquece de dar uma olhada em nossos artigos esportivos para sua torcida ficar mais emocionante ainda!


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